sábado, 9 de abril de 2011

Atentado no Realengo questões de antropologia teológica

          Nos últimos dias não paramos de ver na mídia detalhes, polêmicas, sobre o horrível atentado contra pré-adolescentes na faixa dos 12 à 15 anos de idade no RJ. Logo que começaram a sair os dados do IBOPE das emissoras não surpreendeu, pois desgraça não é de hoje que gera maior audiência.
         Agregado a isto tem também a parte de comoção da sociedade, todos querem fazer parte desta corrente, conversar, abrir o coração. Numa tragédia o Ser Humano se dá conta o quanto é frágil e finito, mas neste momento o espírito ganha força e as manifestações de solidariedade demonstram como o Amor é fundamental na vida e para continuar vivendo.
          Em vários noticiário tentam buscar explicações imediatistas para o ocorrido, principalmente com base na carta do suicida. Vi vários psiquiatras, psicanalistas e teólogos fazendo análises absolutas e constatando doenças sem nem sequer ter conhecido o morto, creio que isto no mínimo seja fora da ética profissional. Vi um no Jornal da Globo que dizia que ele era psicótico "porque fugia da realidade". Então vamos começar a averiguar todos os condomínios do Brasil, porque são um ninho de criação de psicóticos, com o mesmo perfil do Wellington; Somente ficam trancados dentro de casa ( na internet ou jogando PS3, WII, etc... ). Outra questão abordada é em relação a adesão religiosa; primeiro testemunha de Jeová, em seguida uma simpatia pelo extremismo Islâmico, junto a estas opções a morte do pai, da mãe e da avó... para completar um perfil introvertido e sem amigos. Como se não bastasse tudo isto vamos analisar o meio social onde ele vivia; bairro do Realengo, periferia do RJ, está na posição 89o em Indice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Rio de Janeiro, estado que vive uma crise de segurança pública, drogas, contrastes sociais a décadas. Realmente este rapaz se tornou doente, tinha tudo para isto, qual doença psiquiátrica tinha somente Deus sabe, porque ninguém teve tempo para tratá-lo, provavelmente nem para escutá-lo. Quanto ao relacionamento com o âmbito religioso esta é a única esperança que os pobres encontram. Tenho certeza que as famílias que sofreram o ataque estão encontrando um mínimo de consolo justamente neste âmbito e claro apoiados por outros que estão sensibilizados neste momento. Desta forma, religião, espiritualidade...nunca é uma arma, mas uma forma de se relacionar e entender a vida, mesmo que esta vida já esteja por um fio...

          No entanto, olhando para todas estas questões; que tipo de "realidade" o Wellington vivia?, em que tipo de realidade os jovens do RJ, e do Brasil, vivem? quantos se suicidam todos os dias?. Quanto a tomar uma medida extrema desta, podemos encontrar todos os tipos de bodes expiatórios para justificar a sua ação e da nossa sociedade individualista, secularista e laicista, que somente se importa com o Ser Humano quando acontece este tipo de desastre. Talvez algo dentro deste rapaz, em plena flor da idade, quisesse expressar exatamente isto: "vou me matar, mas quero ser ouvido, por todos, pelo menos uma vez na minha vida." 

2 comentários:

  1. infelizmente por ser uma sociedade imediatista não se julga o passado. Ninguém se importa em em buscar as razões que levaram uma pessoa que foi abusada, abandonada e agrdida lá na adolescência. Aquelas pessoas que o agrediram estão bem tranquilas em suas casas como se elas não tivessem nada com isso. Fazem como Pedro: Eu não sei quem ele é! Nunca vi! Um dia Deus mostra a verdade!

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  2. Obrigado pela contribuição. Infelizmente o único título para ele na mídia em geral é "monstro" mesmo cogitando a hipótese de ter se tornado uma pessoa doente. Monstruosidade é o que a sociedade individualista está fazendo com a mente de nossos jovens e expondo a perigos como este.

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