terça-feira, 1 de março de 2011

Fórum Social Mundial e Fórum Mundial Teologia e Libertação( FMTL )


   Um balanço do Fórum Social Mundial e do Fórum Mundial Teologia e Libertação. Entrevista especial com Cleusa Andreatta
   O próximo Fórum Mundial de Teologia e Libertação deverá investir em fóruns locais e regionais, mantendo a articulação em rede com os diferentes contextos via internet, prevê a teóloga gaúcha.


   Abaixo uma parte da entrevista com a teóloga, colocações bastante pertinente para o desafio que os seres humanos terão para os próximos anos. A entrevista completa está na indicação de fonte.





IHU On-Line – Como é possível, a partir das discussões do FMTL, pensar uma teologia do pluralismo religioso?

    Cleusa Andreatta – A teologia do pluralismo religioso esteve presente do FMTL junto de outros temas abordados. Algumas questões e situações aí vividas e evidenciadas sinalizam alguns aspectos a se ter em conta.
Estivemos num contexto de presença muçulmana majoritária e não conseguimos a participação de nenhum muçulmano em nosso fórum de teologia. Encontramos algumas respostas práticas para isso, mas permaneceu uma pergunta aberta pelas razões dessa ausência. Entretanto, Dacar/Senegal tem como característica uma convivência pacífica e respeitosa entre cristãos e muçulmanos, com importantes situações de colaboração na vida cotidiana. Penso que uma teologia “formal” do pluralismo religioso deve debruçar-se sobre experiências concretas de encontro, convivência e diálogo inter-religioso como essa e tirar as consequências para a reflexão teológica.
    A questão do pluralismo foi abordada em diferentes momentos em conexão com outros temas tratados no Fórum. O insistente destaque a termos como pluralidade, pluralismo, diversidade, diferenças, interculturalidade ao longo de todo o fórum e em relação a diversos temas e questões, aponta para uma teologia do pluralismo religioso que deve desenvolver-se na intersecção ou em interlocução com outras questões como paz/violência, crise ecológica, gênero, cultura/interculturalidade, entre outras.
    Além disso, o FMTL, de diferentes modos, tornou presente a diversidade de experiências religiosas. As experiências das pessoas e comunidades estão estreitamente vinculadas ao contexto concreto de suas vidas, onde se entrelaçam as diversas dimensões do seu existir cotidiano e se consolidam as condições de possibilidade das estruturas de sentido. Uma teologia do pluralismo religioso precisa tratar com profundo respeito e reconhecimento as diferentes experiências religiosas, em sua singularidade na aproximação ao mistério de Deus. Por outro lado, destaca-se de novo que toda a teologia precisa ter sempre presente o que aprendemos da teologia negativa e apofática: o Mistério de Deus não se deixa limitar por nenhuma experiência ou conhecimento que dele podemos ter. Esse reconhecimento mantém a abertura da fé para reconhecer as possibilidades de Deus se manifestar e ser reconhecido em diferentes experiências religiosas.



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