segunda-feira, 7 de março de 2011

Filme "O Ritual" e afins

    Neste final de semana assisti o filme "O Ritual". Logo que saí do cinema com minha esposa e um casal de amigos senti que estamos em guerra. Na verdade duas formas de guerra. Uma é de linhas ideológicas a outra é transcendental.
     A primeira guerra se refere aos ataques sucessivos que os meios de comunicação adeptos do laicismo e ateísmo ceticistas estão realizando contra as religiões. Devo admitir que os fundamentalistas religiosos cooperam para fomentar isto. No entanto, quem sofre é a maioria das pessoas que professam uma fé de forma equilibrada. As mentes são bombardeadas de informações como: "Deus está morto" , "quem tem fé é ignorante.", "se não é provado, não é verdadeiro.", "viva a vida hoje, carpie diem", "faça o que queres", "a Igreja é a Inquisição", "a Igreja é as cruzadas" , "a Igreja ocultou a verdade" , "a Igreja é contra a ciência"..... Os heróis, claro, são os cientistas materialistas, os bruxos, os ocultistas ou se projeta a algum tipo de mundo de fantasia que nenhuma religião tradicional tem acesso e que remetem a conteúdos míticos gregos, nordicos, etc.... A maioria dos filmes que assisti tinha estes temas, na verdade os filmes mais populares no mercado tem estes temas.
    Algumas semanas atrás pensei; porque a Igreja não reage, porque as ordens religiosas e pessoas multimilionárias que professam uma fé, e que é a maioria da população mundial, não reage...cogitei a possibilidade de que a não reação fosse um padrão de santidade...Buda permitiu ser apedrejado, Jesus permitu ser Crucificado....mas assisti dois filmes um fraco, que se chama "O último exorcismo" e outro que este sim fiquei admirado acertou em cheio. 
      "O Ritual" com o excelente ator Anthony Hopkins e a atriz brasileira Alice Braga mostra o que a religião, e mais precisamente, a Igreja Católica tem de poderosa a favor de humanidade. Um poder que tras consigo a história, pelo menos do centro-ocidente do mundo, e sua sabedoria. Mostra que quando se trata do Sagrado não é embasado em crendices. Aliás pode até haver crenças populares, mas fica nas camadas iletradas. Quando o debate se torna aprofundado todos os recursos são utilizados, desde os melhores especialistas à equipamentos tecnológicos. O gênero do filme foi colocado como terror, mas acho que ficaria melhor classificado como utilidade pública; de como se trata o estudo religioso, sobre como a Igreja vê fenômenos demoníacos e a seriedade que lida com eles. Claro que como em qualquer filme tem cenas que são esdrúxulas "o padre atender o celular no meio de um exorcismo foi uma delas" totalmente desnecessário, se era para mostrar o quão comum era aquilo foi apelativo demais, poderia ter passado a mesma informação de uma forma sutil, quase jogou o filme no lixo por causa desta cena. No entanto, o final foi genial várias concepções teológicas foram abordadas. 
       A partir de agora peço que o leitor que não assistiu retome a leitura após vê-lo, caso queira assumir o risco advirto que entrarei em detalhes sobre o final do filme.
        
       O filme é embasado numa história real do livro de Matt Baglio, um jornalista americano que acompanhou o padre Gary Thomas. O filme mostra as angústias da vida de um sacerdote, principalmente o celibatário. Além do turbilhão de mensagens subliminares e indução que toda população mundial sofre para se pensar da forma mais racionalista e cética possível. Daqui a pouco até a poesia irá morrer, porque como manter a sensibilidade mais básica sendo racionalista e cético para tudo. Ouvir uma declaração de amor será impossível, pois exigir que a pessoa prove vai ser um debate sem fim. O que estou querendo dizer com estes exemplos é que até mesmo um religioso fervoroso pode sofrer destas "noites escuras" , ausência de fé, vazio de Deus... isto é uma realidade e são expressões conhecidas dos místicos. No final do filme a discussão se aprofunda quando o protagonista é colocado na situação em que responde todas as suas perguntas, em que a obviedade do transcendente se torna gritante e ele tem que se decidir. Aí que o problema se torna maior, porque ele descobre que o problema está em primeiro lugar nele mesmo, em ele acreditar em si próprio antes de acreditar em alguma coisa. Uma afirmação de que o cético é um inseguro sobre si mesmo, que precisa provar tudo que está em volta para poder caminhar. 
       Neste momento a mocinha surge, para desempenhar um papel que é importantíssimo na teologia cristã; não conseguimos fazer nada sozinhos, pois somos frágeis, precisamos da comunidade e esta inicia-se no casal, na amizade, no amor ao próximo. Resgatada sua confiança em si mesmo ele encara o desafio, que é bater de frente com o mal, mas este busca convencê-lo que tudo que aconteceu em sua vida, todos os erros, era para encaminhá-lo para ser servo do demônio. Esta artimanha é citada por vários místicos na história da Igreja, e fora dela, que o maligno utiliza para escravizar os seres humano, de forma menos explícita claro Finalmente, utilizando Santo Agostinho na decisão crucial, o padre afirma que acredita no Demônio, mas que também agora acredita em Deus e de livre arbítrio escolhe. Exorcisa-o em nome de Seu Filho Jesus Cristo e confirma sua fé de forma plena, tornando-se um verdadeiro convertido e confirmando seus votos de sacerdote.
      Sinceramente, gostei do filme e tanto minha esposa quanto meus amigos, que não são católicos fervorosos, também gostaram muito. Espero que os produtores com viés religioso continuem caprichando nestas obras, está cheio de histórias de santos esperando por produções cinematográficas mais dignas, filmes sobre a história da fundação das primeiras universidades e dos hospitais pela Igreja Católica na Idade Média. O atendimento de leprosos principalmente pelos Franciscanos, o ensino Marista e a historia de Marcelino Champagnat e muito mais... que inspire a juventude e a humanidade na Verdade.
   

2 comentários:

  1. Ainda não assisti ao filme, mas assim que estiver por aqui vou fazê-lo e tentar tornar a comentar por aqui. Obrigado pela dica!

    ResponderExcluir